segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

5/6/2007

Se oriente rapaz .....

Uma pesquisa demonstrou que 70% dos usuários de terminais bancários não entendem o que vem discriminado nos extratos fornecidos. Este fato permite compreender porque os bancos, juntamente com as companhias telefônicas, encontram-se no topo da lista de reclamações apresentadas ao PROCON.

Graças as informações veiculadas pela mídia o público tem conhecimento da rentabilidade dos bancos e dos percentuais que as chamadas “taxas de serviços” representam no lucro destes estabelecimentos, há uma natural desconfiança da população em relação às atividades bancárias.

Assim é possível estabelecer uma relação de causa e efeito.

O cidadão cujo saldo é inferior àquele esperado dirige-se ao PROCON para buscar ressarcimento de supostos exageros embutidos em siglas desconhecidas que aparecem no seu extrato.

Curiosamente nunca ocorre ao mesmo cidadão, que sai em busca de justiça contra um banco, acionar a administração pública quando supostamente esta também o prejudica.

Neste caso a relação de causa e efeito aparentemente não funciona.

Porque?

Em ambos os casos o cidadão não compreende bem o significado de certas informações. No caso dos extratos são siglas incompreensíveis que resultam em débitos. No caso da administração municipal são Planos Diretores e Códigos de Obras redigidos em linguagem inacessível ao cidadão comum.

O munícipe que sofre ao longo de meses na mão da burocracia para aprovar o simples projeto de uma residência não cogita a hipótese de processar o município que por razões incompreensíveis aprova, em questão de dias ou semanas, projetos imobiliários com milhares de metros quadrados de área a ser construída.

Será apatia, medo ou apenas falta de informações adequadas?

Aparentemente o cidadão comum julga que o município é inatingivel.

Assim como ele não questiona a diferença gritante entre o longo prazo de tramitação do seu processo e a “via rápida” dos trâmites de interesse da indústria imobiliária ele também não questiona como, de uma hora para outra, ocorre um “surto” de casas de 3 pavimentos num bairro onde o gabarito máximo é dois.

Da janela do ônibus ele mal percebe que numa paisagem onde predominam prédios de 12 andares subitamente surgem algumas obras com 15, 18 ou mais pavimentos.

Apatia? Ignorância? Submissão? Difícil explicar.

Quando questionadas a maioria das pessoas sintetiza o problema esfregando resignadamente o polegar e o indicador

O mesmo não pode ser dito em relação a um grupo pequeno porém representativo de moradores da cidade.

São arquitetos, engenheiros, estudantes universitários, técnicos e pessoas vinculadas às atividades da construção civil.

Também estes trafegam pelas mesmas ruas pelas quais passa o cidadão comum e igualmente ignoram (ou fingem ignorar) as contravenções evidentes inseridas na paisagem.

Cumplicidade, vergonha ou apatia?

A principal característica das contravenções do uso do solo é que, ao contrário dos desfalques, desvios de verbas públicas, superfaturamento de obras e outras atividades ilícitas escondidas em calhamaços de papel e relatórios que ninguém lê, no caso de obras ilegais as provas passam a fazer parte da paisagem, sua principal característica é o tamanho : elas são grandes ou enormes.

Por maiores que sejam as evidências ainda assim, exceto nos casos levantados pela operação Moeda Verde, “ninguém sabe nada” e “ninguém viu nada de errado”.

Ironias à parte, todas as contravenções do uso do solo possuem apenas um ponto em comum: a SUSP.

Todo e qualquer projeto é aprovado, licenciado e, posteriormente recebe o habite-se da SUSP.

Cabe então perguntar :

Onde estão as autoridades responsáveis ?

Porque não foi feita uma investigação nesta secretaria ?

Onde estão as ONG´s que não buscam respostas para esta questão ?

Estará a nossa indignação restrita aos poucos reais que perdemos para meia dúzia de banqueiros espertos ?

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