segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

1/6/2007

Noves fora zero

Um mês após a operação Moeda Verde, realizada pela Polícia Federal em Florianópolis, as informações relativas ao assunto saíram das manchetes das primeiras páginas dos jornais.

Os noticiários transmitidos pelas emissoras de rádio e televisão ocupam-se de novos escândalos em outros cantos do país.

Passada a fase de intensa exposição pública encontram-se em andamento os vagarosos procedimentos que darão origem a processos que serão julgados, sabe-se lá quando, pela morosa justiça brasileira.

Cabem então algumas perguntas :

Valeu a pena ?

Foi justificável a exposição a que foram submetidas algumas figuras públicas da cidade?

Florianópolis tornou-se melhor em conseqüência dos eventos ocorridos em maio de 2007?

A resposta é sim. E não.

Sim, pois expôs os recursos utilizados por empresários e grupos econômicos para atingir seus objetivos a qualquer preço, corrompendo servidores públicos, alterando leis para adequá-las a seus interesses e, em última análise, ridicularizando todos aqueles que se valem dos procedimentos legais para atingir os mesmo objetivos.

Não, por restringir-se às questões ambientais, regidas por legislação federal, deixando de realizar investigações sobre o que ocorre na administração municipal, onde a corrupção em diversos órgãos, fato público e notório, atingiu um ponto insuportável e tem causado problemas que, comparados às questões ambientais, são consideravelmente mais prejudiciais à cidade e seus moradores.

Ao concentrar as atenções em empreendimentos que colocam em risco o patrimônio natural ficaram em segundo plano os efeitos nocivos da corrupção em áreas que já estão urbanizadas. Nelas vive a população e ali se concentram os problemas que estão se tornando comuns em Florianópolis, problemas que pensávamos ser uma exclusividade de grandes centros como o Rio e São Paulo.

Alguns destes problemas são de ordem social, a maior parte deles gerados pelo modelo econômico do país, afetam a todos os brasileiros.

Por outro lado, fenômenos como o caos do tráfego, o péssimo sistema de transporte coletivo, a ocupação ilegal de áreas de preservação permanente e a transgressão das leis de uso do solo são problemas locais, particularidades de Florianópolis, da responsabilidade de pessoas que vivem na cidade.

A Polícia Federal fez e continua fazendo o que é de sua atribuição.

A população de Florianópolis assistiu passiva aos acontecimentos de maio de 2007, regozijando-se secretamente pela desgraça de alguns membros da sua “elite”, porém não tomou qualquer iniciativa para colocar ordem na casa, limpar a administração municipal e afastar do nosso futuro a perspectiva de nos tornarmos uma versão do Rio de Janeiro em escala menor.

Faltou a prova dos nove.

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